"Aquilo que conta o primeiro homem é a recordação, pedaços da vida que foi a deles, quando eram mais novos. O segundo homem e a mulher trazem os seus comentários - ou as suas recordações. Aquilo que conta a peça que eles descobrem é a versão do primeiro homem do que foi a história de amor que viveram e de como ela se desfez. É a ficção que ele construiu." - J. L. Lagarce
A primeira encenação
“História de Amor (últimos capítulos)” foi um pretexto para trabalhar num espaço de memória e para experimentar um método interpretativo que começa no interior e só depois se manifesta.As nossas memórias são a nossa herança. Tentámos procurar um teatro em que a interioridade é da maior importância. E em que as manifestações exteriores surgem da forma como essa interioridade impulsiona as nossas acções. Foi um trabalho pueril, de procura da acção justa, entregando o corpo ao texto “que manda”, sobrepondo essa limpeza cénica à complexidade de uma encenação. O cenário era uma estrutura de madeira que desenhava a fachada de uma casa nova ou em construcção, entre o público e o palco, fazendo do espectador um cúmplice voyeur. O que se queria era esse espaço subterrâneo afastado da vaidade das formas e que se debate com elas. Um teatro em que o actor traz tudo para a flor da pele. Uma peça em que os personagens, se se calassem, cairiam nos braços uns dos outros, devorados pelo amor ou pelo ódio. (Tiago Correia)