Em PÁTRIA — monólogo que acouta um pai e um filho, um filho e um pai —, um homem narra a sua história de refugiado num país estrangeiro.
Relata como aí chegou e acabou preso, denunciado (supõe-se) por um acto que não cometeu. Desde que voltou para o seu apartamento, velho e exausto, depois de anos no cárcere, decidiu por isso encarnar uma personagem para a vizinha do outro lado da rua, a quem atribui a denúncia que destruiu a sua vida. Tendo nas paredes ouvintes, passa então a encenar o quotidiano de um louco.
Interpreta homem só, ensandecido na prisão, na esperança de que o julguem demente e assim se esqueçam dele. De uma vez por todas. Conta a história desse homem expatriado e injustiçado (ou assim nos faz crer), até que um estrangeiro lhe bate à porta, pronto a contradizê-lo. Talvez o velho refugiado não seja quem anuncia. Talvez nem refugiado seja. Velho sequer. E o próprio estrangeiro não venha a ser tão estrangeiro assim.
© Diana Lopes